Mobilidade: a era da conexão

Ontem brinquei um pouco com o Ipod Touch do Z. Muito legal, além da interface facílima de navegar com toques na tela, possui outros recursos além do “Mp3 player”, tais como integração com o Youtube, conexão Wi-fi e um browser.

ipod touch

Hoje estava lendo um artigo do André Lemos sobre Cibercultura e mobilidade, onde ele coloca alguns pontos interessantes:

“A cidade contemporânea torna-se, cada vez mais, uma cidade da mobilidade onde as tecnologias móveis passam a fazer parte de suas paisagens.”

“‘As tecnologias mais profundas são aquelas que desaparecem. Elas se entrelaçam no tecido da vida cotidiana até se tornarem indistinguíveis.’ (Weiser, 1991). Trata-se de colocar as máquinas e objetos computacionais imersos no cotidiano de forma onipresente (…) Trata-se de uma fusão, do surgimento de práticas híbridas entre espaço físico e o espaço eletrônico. Essa nova configuração vai disseminar práticas de nomadismo tecnológico onde as tecnologias tornam-se cada vez mais pervasivas, transparentes e ubíquas. A era da conexão configura a cultura da mobilidade contemporânea.”

“Pensar a sociedade é pensar em termos de territorializações e desterritorializações, em termos de mobilidade urbana, de não-lugares intercambiáveis, de cidades globais.”

LEMOS, André. Cibercultura e mobilidade: a era da conexão. IN: LEÃO, Lucia. (org.). Derivas: cartografias do ciberespaço. São Paulo: Annablume, 2004, 225p.

Ele também lança uma pergunta: “onde estamos quando nos conectamos à internet numa praça ou falamos no celular em meio à multidão das ruas?”. Esse debate também circunscreve questões sobre privacidade, espaço público e espaço privado. Com muita freqüência vemos e escutamos pessoas conversando em celulares sobre assuntos particulares em ambientes públicos de concentração de pessoas, como ônibus, elevadores e salas de espera. É legal notar que as outras pessoas não mais estranham esse fato, como alguns anos atrás. Simplesmente ignoram, ainda que no fundo fiquem “de orelhas em pé” na conversa alheia, como se pudessem fazer parte daquela história. E por que não poderiam, afinal compartilham o mesmo “espaço de fluxos“?

Outro fenômeno que eu acho bem legal vem da popularização dos mp3 players portáteis, que levam as pessoas a se “isolarem” da cidade quando estão em deslocamento com seus fones de ouvido. Como se a paisagem sonora dos Mp3 que nos acompanha a partir de agora aliviasse o desgaste dos congestionamentos e da poluição sonora das cidades.

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Encanador da Informação

Parte da discussão do Ebai ficou em torno do do aprofundamento da definição de Arquitetura da Informação. Houve muitos questionamentos e outras interpretações sobre o termo enquanto área de estudo e campo profissional, o que eu achei ótimo, já que revelou uma postura crítica da comunidade de arquitetos em não repetir e aceitar as definições de poucos autores. (acompanhe os debates que estão rolando na lista de AI em português.)

Uma das críticas dizia que o Arquiteto da informação é, na verdade, o editor dos tradicionais veículos de comunicação. Dêem uma olhada nestes links:

Arquitetura da informação teoriza a web sem dar importância à função editorial
AI… ai, ai: APERTEM OS CINTOS, O EDITOR SUMIU

É uma posição polêmica e interessante, mas que no meu ponto de vista é restrita ao universo editorial e não reflete a atual condição da informação digital em rede. O papel do editor, nesse caso, pressupõe a internet como os tradicionais veículos de mídia.

Entendo “mídia” de outra forma. Algumas definições que considero interessantes:

“Mídias são meios, e meios, como o próprio nome diz, são simplesmente meios, isto é, suportes materiais, canais físicos, nos quais as linguagens se corporificam e através dos quais transitam. Por isso mesmo, o veículo, meio ou mídia de comunicação é o componente mais superficial, no sentido de ser aquele que primeiro aparece no processo comunicativo. (…) Veículos são meros canais, tecnologias que estariam esvaziadas de sentido não fossem as mensagens que nelas se configuram. (…) Embora sejam responsáveis pela multiplicação dos códigos e linguagens, meios continuam sendo meios. Deixar de ver isso e, ainda por cima, considerar que as mediações sociais vêm das mídias em si é incorrer em uma ingenuidade e equívoco epistemológicos básicos, pois a mediação primeira não vem das mídias, mas dos signos, linguagem e pensamento, que elas veiculam. (…) Quaisquer mídias são inseparáveis das formas de socialização e cultura que são capazes de criar, de modo que o advento de cada novo meio de comunicação traz consigo um ciclo cultural que lhe é próprio e que fica impregnado de todas as contradições que caracterizam o modo de produção econômica em que um tal ciclo cultural toma corpo.”

SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2ª. Ed. 2003. P. 117

O que eu quero dizer com isso: reconheço a importância e o papel da tecnologia (mídia) nos processos comunicacionais. Por outro lado, prefiro estudar e compreender a função do Arquiteto de Informação além do contexto editorial.

Quem é o editor do Delicious? Do Flickr? Da Wikipedia? Eu não acho que a internet se restringe às aplicações editoriais. Sei que elas existem e ainda predominam. Mas, por outro lado, ao pensar dessa forma, não exploramos todas as possibilidades oferecidas pela interatividade, colaboração, personalização e socialização da informação que a internet nos proporciona, qualidades únicas e particulares na história das mídias. Um exemplo: replicar o formato editorial de um jornal em um site é “fácil”, afinal, trata-se de algo muito mais parecido com um jornal, só que num suporte diferente. Em outras palavras: pensar a internet de maneira editorial funciona quando a encaramos como as outras mídias anteriores.

Interesso-me pela Arquitetura da informação como o campo de estudo que investiga as formas de organização e estruturação da informação no ciberespaço. Assim, tenho concordado cada vez mais com a idéia de que “internet não é prédio“.

Esses dias estou bastante influenciado pelas “Linguagens líquidas na era da mobilidade” e quero aprofundar na “Arquitetura líquida do ciberespaço“. Bom, se a informação é líquida, como foi citado no EBAI, ela escorre, vaza, entope, inunda. Acho que aí nós entramos, talvez não mais como Arquitetos da informação, e sim como “Encanadores da informação”.

Lá em Minas Gerais, encanadores também são conhecidos como “bombeiros”.

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Cartografias em mutação

“Talvez o problema maior da biblioteca não seja o excesso de livros, mas sim a necessidade de novas cartografias. Cartografias mutantes, cartografias reveladoras. Cartografias tão flexíveis e coerentes com as nossas necessidades subjetivas e objetivas que, ao contrário do império borgiano, não as julgaremos inúteis, mas sim vitais para o processo de interação no ciberespaço.”

LEÃO, Lucia. Cartografias em mutação: por uma estética do banco de dados. In: LEÃO, Lucia (org.). Cibercultura 2.0. São Paulo: U.N. Nojosa, 2003.

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As we may think

“Nossa incapacidade de obter um registro é amplamente causada pela artificialidade dos sistemas de indexação. Os dados de qualquer natureza, quando estocados, são arquivados numericamente ou alfabeticamente, e a informação é encontrada num movimento vertical de pesquisa, passando de subclasse em subclasse. O objeto pode estar apenas em um único lugar, a menos que cópias duplicadas sejam utilizadas. Deve haver regras para percorrer tais caminhos, no geral lentas e ineficientes.

A mente humana, por outro lado, não trabalha desta maneira. Ao tomar um item, somos levados instantaneamente a outro item que é sugerido pela imediata associação de pensamentos, de acordo com intrigadas redes de trilhas carregadas pelas células do nosso cérebro.

Por outro lado, o homem não espera duplicar, de maneira completa, esse processo mental artificialmente, mas certamente ele pode aprender algo com isso. A primeira idéia, por sua vez, pode ser desenhada a partir da analogia relativa à seleção. A seleção por associação, não por indexação, pode ser mecanizada. Não podemos esperar, por sua vez, velocidade e flexibilidade igual à mente ao seguir uma trilha associativa, mas poderia ser possível, decisivamente, bater a mente quanto à permanência (capacidade de retenção e memória) e quanto à clareza dos itens recuperados do armazenamento.”

Vannevar Bush, em 1945.

BUSH, Vannevar. As we may think. In: MONTFORT, Nick; WARDRIP-FUIN, Noah. (org.) The New Media Reader. London: MIT Press. 2003

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Impressões iniciais do EBAI

Acabei de chegar do EBAI e gostaria de registrar algumas impressões iniciais e opiniões sobre o evento:

1) Foi bastante interessante o fato de diversos palestrantes ressaltarem a atuação da Aquitetura da Informação num contexto mais amplo do que estamos acostumados no nosso dia-a-dia profissional. Ficou bem claro, pra mim, a necessidade de se expandir o nosso pensamento para as diversas e múltiplas possibilidades de aplicação da informação em situações que vão além da internet e dos browsers. Ao pensar dessa forma, encaramos a experiência interativa do usuário com a informação de forma muito mais rica e intensa, seja através dos dispositivos informacionais móveis (celulares, palms, mp3 players), sem falar nos painéis, displays, automóveis, eletrodomésticos, roupas (!!!), exposições, museus, etc., etc., etc.

2) Foi muito bem lembrada também a questão da mudança de alguns paradigmas metodológicos da Arquitetura da Informação, em função do contexto de maior participação e colaboração do usuário na construção de sistemas sociais de informação baseados em colaboração. A verticalização e a hierarquia fixa de critérios de organização de conteúdo, típicos do “primeiro momento da internet” precisam ser revistas e atualizadas.

3) Fiquei muito feliz por encontrar as pessoas que somente via por gmail ou msn. Fiz novas amizades, novos contatos e conheci figuraças, como o Fred, do Usabilidoido e o Henrique do Revolução etc (por sinal, sujeitos muito acessíveis e, principalmente, simples). Espero manter o contato com a galera e, sempre que possível, trombar com o pessoal nos próximos encontros e eventos.

4) Ah, sim, claro. Apresentei uma palestra: Personalização e colaboração na Web 2.0: novos caminhos para a Arquitetura da Informação.

Por enquanto é só, estou absorvendo as idéais ainda e, em breve, coloco mais algo.

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1º Encontro Brasileiro de Arquitetura da Informação

Este final de semana aqui em SP vai o rolar o 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura da Informação.

Banner do 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura da Informação

Trata-se de uma excelente iniciativa da comunidade de AI brasileira. Enfim vamos reunir todo o pessoal que só conheço pelo Gmail. A proposta é organizarmos um evento atutal, nos moldes do IA Summit e assim nos mobilizar sempre para a discussão e a troca de experiências.

Escrevi um artigo para este evento e fui selecionado para fazer uma palestra. Fiquei muito feliz, não estava com tantas esperanças. Achei que meu artigo estava um pouco superficial, mas recebi bons “feedbacks” da comissão revisora, o que me deixou mais empolgado.

Vou tratar do tema “Personalização e colaboração na Web 2.0: novos caminhos para a Arquitetura da Informação”. Segue abaixo o resumo:

“Este estudo posiciona a Arquitetura da Informação no contexto da chamada “Web 2.0”, tendo em vista a tendência de colaboração e personalização da informação. Para isso, pretende discutir o conceito de interface cultural para expressão de novos valores da cultura contemporânea, apontando modelos de navegação e organização de conteúdo na Internet. ”

Segue abaixo a minha apresentação:

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Arte e poluição

OSSÁRIO : ARTE MENOS POLUIÇÃO
Intervenção: ALEXANDRE ORION
Música: INSTITUTO
Vídeo: BIG BONSAI

WWW.OSSARIO.NET

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The new media reader 2

“It is time that we treat the people who have articulated fundamental ideas of human-computer interaction as the major modern artists. Not only did they invented new ways to represent any data (and thus, by default, all data which has to do with ‘culture’, i.e. the human experience in the world and the symbolic representation of this experience) but they have also radically redefined our interactions with all of old culture. As the window of web browser comes to supplement the cinema screen, museum space, CD player, book and library, the new situation manifests itself: all culture, past and present, is being filtered through the computer, with its particular human-computer interface. Human-computer interface comes to act as a new form through which all older forms of cultural production are being mediated.”

MANOVICH, Lev. New media from Borges to HTML. In: MONTFORT, Nick; WARDRIP-FUIN, Noah. (org.) The New Media Reader. London: MIT Press. 2003

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The new media reader

“Indeed, like the medium of film 100 years earlier, the computer medium is drawing on many antecedents and spawning a variety of formats. But the term “new media” is a sign of our current confusion about where these efforts are leading and our breathlessness at the pace of change, particularly in the last two decades of the 20th century. How long will it take before we see the gift for what it is – a single new medium of representation, the digital medium, formed by the braided interplay of technical invention and cultural expression at the end of 20th century?”

MONTFORT, Nick; WARDRIP-FUIN, Noah. (org.) The New Media Reader. London: MIT Press. 2003

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I just can’t forget these things…

Video do Ricardo Portilho, um cara que também estudou comigo. (nem fomos tão colegas na verdade, fui calouro da turma dele). Vi no blog do Florencio e achei bem legal. Segue a ficha técnica:

A personal take on my life in Amsterdam and the pills of wisdom once whispered by my parents that every now and then come back into into my mind.

Direction:
Ricardo Portilho

Camera:
Ricardo Portilho
Vitor Peixoto

Editing:
Ricardo Portilho
Music:
composed and performed by Fabiano Fonseca (Digitaria). Recorded at Andar Estúdio, Belo Horizonte/Brazil.
Mixed by Daniel Albinati (Digitaria).
www.digitariamusic.com.br

Thanks to:
Dima Stefanova
Henk Groenendijk
Amir Admoni
Eduardo Recife
Rob Schroder
Vitor Peixoto
Xanda

Amsterdam. Zomer. 2007

This movie was produced within the scope of the project Kosmopolis goes Global, dealing with how immigrant young artists deal with family and frienship being away from home. With the support of Stichting Kosmopolis, The Netherlands.

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