O título engana um pouco e certamente a amostragem se refere a um universo distinto da realidade brasileira. Mas achei que alguns pontos são válidos: ainda que óbvios, reforçam fatores muito relevantes.
– o poder dos mecanismos de busca na compra de produtos on-line;
– as pessoas confiam nos ratings e reviews dos outros usuários ao escolher um produto ou uma loja;
– as home pages estão perdendo a importância, uma vez que é cada vez mais freqüente chegar a um determinado conteúdo interno por uma busca ou seguindo um link específico.
“O primeiro pintor de cavernas era artista ou engenheiro? Era ambas as coisas, é claro, como o foram, em sua maior parte, os artistas e engenheiros desde então. Mas temos o hábito – cultivado por muito tempo – de imaginá-los como separados, os dois grandes afluentes correndo incessantemente para o mar da modernidade e dividindo, em seu curso, o mundo em dois campos: os que habitam nas margens da tecnologia e os que habitam na margem da cultura. (…)
Qualquer analista profissional de tendências nos dirá que os mundos da tecnologia e da cultura estão colidindo. Mas o que surpreende não é a própria colisão – é o fato de ela ser considerada novidade.”
JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Informação – A raiz do termo vem de formatio e forma, que transmitem a idéia de moldar algo ou formar um molde. O termo se tornou popular a partir da invenção da imprensa, que organizava as palavras e frases em uma forma.
Cálculo – Latin calculus, pedra. Origem remete ao ábaco, calculadora dos povos antigos. Algarismos e operações eram representados em pequenas pedras presas à varetas de madeira.
Digital – digitus, dedo em latin. Os caras usavam justamente sua habilidade com os dedos para fazer cálculos.
Impressão digital – recentemente tirei segunda-via da minha carteira de indentidade e, ao me dirigir à sala para registrar minhas ‘impressões digitais’, por impulso veio à minha cabeça as gráficas rápidas… Em seguida, pensei em uma tecnologia de armazenamento das marcas dos dedos no computador por meio de leitores ópticos, tipo aqueles leitores de códigos de barras nos caixas eletrônicos. Saí com os dedos pretos de tinta, rindo sozinho. Mas pelo menos eles fornecem uns papéis úmidos para limpeza das mãos.
“Maps are everywhere these days. The ubiquity of global positioning systems (GPS) and mobile directional devices, interactive mapping tools and social networks is feeding a mapping boom. Amateur geographers are assigning coordinates to everything they can get their hands on—and many things they can’t. “Locative artists” are attaching virtual installations to specific locales, generating imaginary landscapes brought vividly to life in William Gibson’s latest novel, Spook Country. Indeed, proponents of “augmented reality” suggest that soon our current reality will be one of many “layers” of information available to us as we stroll down the street.”
“Cyberspace is a new form of perspective. It does not coincide with the audio-visual perspective which we already know. It is a fully new perspective, free of any previous reference: it is a tactile perspective. To see at a distance, to hear at a distance: that was the essence of the audio-visual perspective of old. But to reach at a distance, to feel at a distance, that amounts to shifting the perspective towards a domain it did not yet encompass: that of contact, of contact-at-a-distance: tele-contact.”
“I think by far the most important news today came in the form of those game demos. We knew the SDK was coming; we knew that some kind of enterprise support was coming. But you watched those games — particularly with the accelerometer support — and it was suddenly clear that the iPhone platform is potentially a serious competitor to the DS and the PSP. That’s a whole new industry that Apple has NEVER seriously tried to be competitive in, but the touch and accelerometer hardware/software built into the iPhone means that they are — literally overnight — the Wii of the handheld gaming market: a platform where the controller innovation changes all the rules.”
“Current discussion about media convergence often implies a singular process with a fixed end point: all media will converge; the problem is simply to predict which media conglomerate or which specific delivery system will emerge triumphant. But if we understand media convergence as a process instead of a static termination, then we can recognize that such convergences occur regularly in the history of communications and that they are especially likely to occur when an emerging technology has temporarily destabilized the relations among existing media. On this view, convergence can be understood as a way to bridge or join old and new technologies, formats and audiences. ”
THORBURN, David. JENKINS, Henry. Rethinking media change: the asthetics of transition. London: MIT Press, 2003.
No trecho a seguir, Johnson desevolve um pouco melhor o tema do seu mais recente livro.
Gostaria de destacar dois aspectos que eu gostei bastante neste livro.
a) o primeiro (já era esperado) diz respeito ao uso de informação local e o cruzamento de dados para construção de representações visuais para gerar novos conhecimentos. Na sua narrativa, o autor apresenta um problema de saúde pública que ocorreu em Londres na metade do século XIX, onde uma epidemia de cólera matou centenas de pessoas num curtíssimo intervalo de tempo. Naquela ocasião, dois indivíduos, a partir do profundo conhecimento local da região de Soho em Londres, venceram a batalha contra a doença por meio da identificação de padrões de contágio entre os moradores. Usaram, para isso, uma base de dados pública e, a partir de uma hipótese até então revolucionária que defendia a transmissão do cólera pela água, cruzaram esses dados com um mapa para criar uma representação visual que sustentasse o argumento proposto. O caso acabou por se tornar uma referência clássica nos estudos do Design da Informação, e o mapa proposto por John Snow (o cientista que liderou a pesquisa) inaugurou uma nova forma de investigação científica, onde o uso de mapas, gráficos e diagramas se tornou poderoso instrumento de descoberta.
Trazendo a questão pro lado da minha pesquisa de mestrado, (aham… preciso fazer o Jabá) trata-se de um excelente exemplo que confirma a hipótese que proponho: o uso de representções visuais (mais especificamente de mapas) é um instrumento de descoberta heurística e favorece a emergência de novos conhecimentos. Em tempos de Google Maps e API’s, nada mais oportuno do que discutir dados públicos e suas aplicações que utilizam a internet como plataforma de divulgação.
b) O que também me empolgou no livro (e que eu não esperava) foi o convencimento do valor do método científico de pesquisa, questionamento de paradigmas e subversão de valores consolidados. O conhecimento humano e o progresso das civilizações é diretamente proporcional à capacidade mental de cada um de nós de duvidar de conceitos pré-estabelecidos pela tradição ou pelo senso-comum. O raciocínio crítico, no sentido de estabelecer hipóteses a partir de um problema e investigá-las na sua fonte, é o procedimento básico de todo bom pesquisador. Já falei isso aqui algum tempo atrás, mas gostaria de lembrar: o mais legal do mestrado nem é o tema da pesquisa em si, mas o aprender a pesquisar, a amadurecimento do olhar investigativo para as questões do cotidiano.
JOHNSON, Steven. O Mapa Fantasma. Como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.