Usabilidade do Iphone

Para quem ainda não viu…

Publicado em design da informação, navegação | Deixe um comentário

A velocidade e a informação

Trechos de uma entrevista com Umberto Eco, publicada na Folha do dia 12/05/08.

PERGUNTA – O que é certo é que alguns anos atrás o sr. disse que viveríamos de modo rapidíssimo, e agora vivemos em velocidades supersônicas.
ECO – E tudo o que existe agora será obsoleto dentro de pouco tempo. Até o e-mail será obsoleto, porque tudo será feito com o celular. Talvez as novas gerações se acostumem a isso, mas existe uma velocidade do processo que é de tal calibre que a psicologia humana talvez não consiga adaptar-se. Estamos em velocidade tão grande que não existe nenhuma bibliografia científica americana que cite livros de mais de cinco anos atrás. O que foi escrito antes já não conta, e isso é uma perda também quanto à relação com o passado.

PERGUNTA – A fé cega na internet, por outro lado, cria monstros.
ECO – Sim, parece que tudo é certo, que você dispõe de toda a informação, mas não sabe qual é confiável e qual é equivocada. Essa velocidade vai provocar a perda de memória.
E isso já acontece com as gerações jovens, que já não recordam nem quem foram Franco ou Mussolini! A abundância de informações sobre o presente não lhe permite refletir sobre o passado. Quando eu era criança, chegavam à livraria talvez três livros novos por mês; hoje chegam mil. E você já não sabe que livro importante foi publicado há seis meses. Isso também é uma perda de memória. A abundância de informações sobre o presente é uma perda, e não um ganho.

(…)

PERGUNTA – Tanta informação faz com que os jornais pareçam irrelevantes.
ECO – Esse é um de nossos problemas contemporâneos. A abundância de informação irrelevante, a dificuldade em selecioná-la e a perda de memória do passado -e não digo nem sequer da memória histórica. A memória é nossa identidade, nossa alma. Se você perde a memória hoje, já não existe alma; você é um animal. Se você bate a cabeça em algum lugar e perde a memória, converte-se num vegetal. Se a memória é a alma, diminuir muito a memória é diminuir muito a alma.

PERGUNTA – Qual seria hoje o papel da informação?
ECO – Creio que perdemos muito tempo nos formulando essas perguntas, enquanto as gerações mais jovens simplesmente deixaram de ler jornais e se comunicam por meio de mensagens de texto. Eu não posso me desligar dos jornais. Para mim, sua leitura é a oração matinal do homem moderno. Não posso tomar o café da manhã se não tiver pelo menos dois jornais para ler.
Mas talvez sejamos os resquícios de uma civilização, porque os jornais têm muitas páginas, mas não muita informação. Sobre o mesmo tema há quatro artigos que talvez digam a mesma coisa… Existe abundância de informação, mas também abundância da mesma informação.
Não sei se você se lembra de minha teoria sobre o “Fiji Journal”. Eu estava em Fiji coletando informações sobre os corais para meu livro “A Ilha do Dia Anterior” [ed. Record], e em meu hotel chegava todas as manhãs o “Fiji Journal”, que tinha oito páginas -seis de anúncios, uma de notícias locais e outra de notícias internacionais. No mês que passei ali, a primeira Guerra do Golfo estava prestes a estourar, e, na Itália, o primeiro governo de Berlusconi tinha caído. Inteirei-me de tudo porque em uma única página de notícias internacionais, em três ou quatro linhas, davam-me as notícias mais importantes.

PERGUNTA – Como a internet.
ECO – Vamos à internet para tomar conhecimento das notícias mais importantes. A informação dos jornais será cada vez mais irrelevante, mais diversão que informação. Já não nos dizem o que decidiu o governo francês, mas nos dão quatro páginas de fofocas sobre Carla Bruni e Sarkozy [atual presidente da França]. Os jornais se parecem cada vez mais com as revistas que havia para ler na barbearia ou na sala de espera do dentista.

A íntegra desta entrevista saiu no “El País”. Tradução de Clara Allain

Publicado em conhecimento, sociedade da informação | Deixe um comentário

Democratizando a visualização

Segue uma apresentação do Many eyes, por seus criadores.

Publicado em sociedade da informação, visualização | Deixe um comentário

O design é enganador

“A alavanca é uma máquina simples. Seu design copia o braço humano; ela é um braço artificial. Sua tecnologia provavelmente é tão antiga quanto a espécie homo sapiens, talvez ainda mais velha. E sua máquina, seu design, sua arte, sua tecnologia pretende trapacear com a gravidade, enganar as leis da natureza (…) Este é o design que é a base de toda a cultura: enganar a natureza através da tecnologia, substituir o que é natural pelo que é artificial. Em resumo: o design, por trás de toda a cultura, deve ser enganador (artificioso) o suficiente para transformar meros mamíferos condicionados pela natureza em artistas livres.”

FLUSSER, Vilém. The shape of things: a philosophy of design. Londres: Reaktion Books, 1990. (apud PFUTZENREUTER, Edson. Contribuições para a questão da formação do designer de hipermídia. In LEÃO, Lucia (org.). O chip e o caleidoscópio: reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: Editora Senac, 2005)

Publicado em design da informação | Deixe um comentário

Soluções trazem novos problemas

“How many people do you know outside your tech community that want to have 25 desktop applications live, running Firefox alongside with 10 tabs open, twittering 100 times a day, reading and commenting articles on Friendfeed, writing a blog post about it, starting riots to get traffic going, AND still have a normal day job and a life after that? I don’t know anyone that fancies that kind of life. It is the life of the tech hero. ”

Fonte: The noise in Web 2.0 is mainly a Tech Elite’s problem

Sugestão de leitura enviada pelo Lavi.

(o título do post está horrível, ok, não consegui pensar em nada melhor)

Publicado em sociedade da informação | Deixe um comentário

Social networking wars

Imaginaram como o Orkut apareceria?

Publicado em sociedade da informação | Deixe um comentário

Visualização de dados

Enfim, posso decretar que este é o tema do minha dissertação. Segue um trecho do capítulo que iniciei este final de semana (lá embaixo tem uma citação, facilmente identificável pelas aspas).

O convívio com os dados é parte significativa do cotidiano dos indivíduos e se intensifica quando sua própria comunicação em sociedade é intensamente mediada por dispositivos de processamento de dados digitais. Claramente percebemos que lidar de maneira direta com esses dados será uma tarefa ingrata e desgastante, a menos que tenhamos instrumentos mais adequados de agregar algum sentido interpretativo a esses dados. A interpretação dos dados gera informação, que, trabalhada na experiência individual, torna-se insumo para gerar conhecimento.

Um caminho para instrumentalizar o indivíduo a conviver melhor nesse ambiente de saturação de dados é desenvolver ferramentas que auxiliem na sua interpretação. Há inúmeras possibilidades de filtragem e recombinação, mas que, sem uma forma adequada de exibição, dificilmente suas relações serão percebidas ou farão qualquer sentido ao indivíduo comum.

“Os artistas da visualização de dados transformam o caos informacional de pacotes de dados que se locomovem através da rede em formas claras e ordenadas. (…) A visualização de dados nos permite enxergar padrões e estruturas por detrás do vasto e aparente fortuito conjunto de dados. (…) Os dados quantitativos são reduzidos a seus padrões e estruturas, os quais, a seguir, explodem em inúmeras imagens visuais ricas e concretas.”

MANOVICH, Lev. Visualização de dados como uma nova abstração e anti-sublime. In: LEÃO, Lucia. (org.). Derivas: cartografias do ciberespaço. São Paulo: Annablume, 2004, 225p.

Se você também se interessa pelo assunto, recomendo uma visita ao meu delicious. Estive coletando coisas muito boas nos últimos dias.

Publicado em conhecimento, design da informação, mapa, TIDD | Deixe um comentário

A face

“Software never appears without its interface. The human-computer interface is, first of all, the face of its software. In fact, the semiotic analysis emphasizes the tendency of the interface, considered as something between two systems, to disappear. If we assume the interface is an important, but in some way separate component of computing potencials, we render software faceless. But software cannot exist wihtout face. The face of software is its appearance at the periphery of the computer; without its face, it does not exist at all. (…) Recognizing that software always possesses a face provides a fruitful approach to software design. Design of software artifacts, then, includes design of its face. The interface between human beings and software artifacts disappears as a separate, material things and reappears as a semiotic process that is deeply entangled in aesthetics.”

NAKE, Frieder. GRABOWSKI, Susanne. The interface as sign and as aesthetic event. In FISHWICK, Paul. (org.) Aesthetic Computing. Cambridge, Mass.: MIT Press, 2006. P.67

Publicado em design da informação | Deixe um comentário

Os filtros de informação

Leia mais sobre Douglas Engelbart.

O mundo digital “é o planeta nativo dos filtros de informação (…) Informação digital sem filtros é coisa que não existe, por razões que ficarão cada vez mais claras. À medida que parte cada vez maior da cultura se traduzir na linguagem digital de zeros e uns, esses filtros assumirão importância cada vez maior, ao mesmo tempo que seus papéis culturais se diversificarão cada vez mais, abrangendo entretenimento, política, jornalismo, educação e mais. O que se segue é uma tentativa de ver esses vários desenvolvimentos como exemplos de uma idéia mais ampla, uma nova forma cultural que paira em algum lugar entre meio e mensagem, uma metaforma que vive no submundo entre o produtor e o consumidor de informação. A interface é uma maneira de mapear esse território novo e estranho, um meio de nos orientarmos num ambiente desnorteante. Décadas atrás, Doug Engelbart e um punhado de outros visionários reconheceram que a explosão da informação poder ser tanto libertadora quanto destrutiva – e sem uma metaforma para nos guiar por esse espaço-informação, correríamos o risco de nos perder no excesso de informação.” (p. 33)

JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

Publicado em arquitetura da informação, classificação, conhecimento, design da informação, mapa, metadados, navegação, sociedade da informação | Deixe um comentário

O Designer de interface

“Não há artistas que trabalhem no meio da comunicação da interface que não sejam, de uma maneira ou de outra, também engenheiros. (…) Os artesãos da cultura da interface não tem tempo a perder com essas divisões arbitrárias. Seu meio se reinventa a si mesmo depressa demais para admitir falsas oposições entre tipos criativos e programadores. Eles se tornaram uma outra coisa, uma espécie de nova fusão de artista e engenheiro – profissionais da interface, cyberpunks, web masters – incubidos da missão épica de representar nossas máquinas digitais, de dar sentido à informação em sua forma bruta.”

Um pouco exagerado né… Ok… “missão épica” é um pouco forçado… Mas vamos considerar que foi escrito em 1997, momento que apontava para muitas mudanças no cenário da tecnologia e da computação.

JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

Publicado em comunicação, design da informação | Deixe um comentário