Tecnologia, sociedade e transformação histórica

Castells abre suas reflexões sobre a Sociedade em Rede defendendo a idéia de que vivemos, nesta transição de milênio, uma verdadeira revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação. O autor desenvolve seu argumento de uma maneira envolvente, e abrange a questão da informação e das redes sob pontos de vista distintos: culturais, econômicos, sociais e políticos.

Queria destacar um trecho legal, que inclusive pode ajudar quem pretende iniciar alguma reflexão sobre o papel da tecnologia na sociedade. Num contexto onde estamos profundamente dependentes de artefatos e conexões informacionais, ingenuamente somos tentados a posicionar a tecnologia como agente transformador da sociedade. Veja o que Castells tem a nos dizer:

“Devido a sua penetrabilidade em todas as esferas da atividade humana, a revolução da tecnologia da informação será meu ponto inicial para analisar a complexidade da nova economia, sociedade e cultura em formação. Essa opção metodológica não sugere que novas formas e processos sociais surgem em conseqüência de transformação tecnológica. É claro que a tecnologia não determina a sociedade. Nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez que muitos fatores, inclusive a criatividade e iniciativa empreendedora, intervém no processo de descoberta científica, inovação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o resultado final depende de um complexo padrão interativo. Na verdade, o dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas.”

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. 6ª. Edição. São Paulo: Paz e Terra, 1999. P.43

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