Tenho estado bastante angustiado com a (aparente, talvez…) falta de progresso do meu mestrado.
Mas li algo hoje que me deixou mais aliviado, afinal mostrou que não se trata de uma incapacidade dos mortais. Espero, sinceramente, que isto possa me ajudar daqui pra frente.
“A consciência do inacabamento do saber é por certo muito espalhada, mas não lhe tiramos as conseqüências. Assim, construímos as nossas obras de conhecimento como casas com o seu telhado, como se o conhecimento não fosse à céu aberto; continuamos a fazer obras estanques, fechadas para o futuro que fará surgir o novo e o desconhecido. (…) As grandes obras são-no apesar do seu acabamento, e algumas são grandes por serem inacabadas (…) Assim, parece-nos desejável que toda obra seja trabalhada pela consciência do inacabamento. Que toda obra não mascare a sua brecha, mas que a marque. (…)”
MORIN, Edgar. O Método III. O Conhecimento do conhecimento. 2ª. Ed. Publicações Europa-América, 1996.
Morin comenta sobre sua própria obra e afirma que seu texto “acabará inacabado”. Abaixo, ele comenta o momento em que chutou o balde e resolveu finalizar seu livro (O Método):
“Deveria logicamente, racionalmente, universitariamente, ter esperado até o infinito. Senti-me de repente – foi em Nova Iorque, em Setembro de 1983 – suficientemente forte para lançar vôo. E lancei-me, rolando pesadamente, terrivelmente, dolorosamente, embora no máximo das minhas energias para descolar…”
Ainda não me sinto forte o suficiente para parir a minha pesquisa. Porém, só de reconhecer que ela nunca vai se acabar já um passo fundamental para eu continuar.
Tenho gostado demais de fazer mestrado. Principalmente porque estou descobrindo que é muito mais legal refletir sobre o processo de construção do conhecimento (e o meu amadurecimento próprio) do que pesquisar o objeto.
A pesquisa, em si, é só um instrumento.