Filosofia da Caixa Preta

Do glossário do Flusser:

Aparelho: brinquedo que simula algum tipo de pensamento.
Aparelho fotográfico: brinquedo que traduz pensamento conceitual em fotografias.
Fotografia: imagem tipo-folheto produzida e distribuída por aparelho.
Fotógrafo: pessoa que procura inserir na imagem informações imprevistas pelo aparelho fotográfico.
Funcionário: pessoa que brinca com o aparelho e age em função dele.
Imagem: superfície significativa na qual as ideias se inter-relacionam magicamente.
Imagem técnica: imagem produzida por aparelho.
Informação: situação pouco provável.
Pós-história: processo circular que retraduz textos em imagens.
Pré-história: domínio de ideias, ausência de conceitos; ou domínio de imagens, ausência de textos.
Significado: meta do signo.
Signo: fenômeno cuja meta é outro fenômeno.

Algumas conclusões precipitadas e óbvias sobre essas definições:

1. Se a imagem é superfície e o pensamento é imagem, o pensamento é plano?

2. Se o funcionário age em função do aparelho, ele abstrai o pensamento por ele simulado e vira um mero operador autômato.

3. A informação, para ser pouco provável, deve significar algo novo, desconhecido. Em outras palavras, se você comunica algo que já é conhecido, isso é redundância, não informação.

4. O fotógrafo, portanto, deve informar algo novo na imagem produzida por seu aparelho. Na definição proposta por Flusser, acho que “pelo aparelho fotográfico” ficaria melhor (pelo menos pra mim) se fosse “através do aparelho fotográfico”.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma Futura Filosofia da Fotografia. São Paulo: Annablume, 2011.

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