Trechos extraídos de uma leitura recente:
“Quando os mappae-mundi medievais passam a Orbis Universalis Christianus, ocorre uma significativa mudança na concepção dos povos e do espaço. À medida que iam sendo desenhado os mapas, descritos os povos e estabelecidas as relações entre conquistadores e conquistados, foi emergindo um novo modelo de poder.” (parágrafo 31)
“A lógica da colonialidade ajudou não só a interpretar os ataques terroristas como atos de guerra, mas também a conceber a um líder político a autoridade moral para traçar no mapa um “eixo do mal (…) No nosso mundo, as fronteiras surgem como mapas da morte imperiais (…) A América tem de ser defendida dos homens maus que vêm de sítios maus. O Oriente Médio e a América Latina são os primeiros da fila, juntamente com esses outros sujeitos vindos de espaços liminares das modernidades ocidentais (africanos, negros, pessoas indígenas e, de modo geral, pessoas de cor).” (parágrafo 62)
“O multiculturalismo esconde, assim, um multi-racismo mais profundo que apenas reconhece o direito à diferença quando as pessoas estão bem domesticadas pelo capitalismo, pela economia de mercado e pelos ideais liberais de liberdade e igualdade.” (parágrafo 63)
“A aparente neutralidade das ideias filosóficas pode muito bem esconder uma cartografia imperial implícita que funde espaço e raça” (parágrafo 71)
MALDONADO-TORRES, Nelson. A topologia do ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, império e colonialidade. Revista crítica de ciências sociais, 80, 2008. p. 71-114.
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