Arquitetura da informação e estruturas hipertextuais

Desde um pouco antes do EBAI, tenho me interessado em investigar as mudanças e a evolução da arquitetura da informação a partir da introdução de novos conceitos descentralizados de organização da informação, como por exemplo a Folksonomia.

Vejam esses dois links, ajudam a situar um pouco o que eu estou dizendo:

a) Apresentação do Fred sobre o “samba do crioulo doido

b) Ontology is Overrated: Categories, Links, and Tags (acho até que já coloquei esse link aqui antes…)

Tenho visto muita gente estudar Ontologia e Web semântica em busca de uma solução para o problema do desordenamento e caos informacional e para a construção mais “inteligente” de dados articulados entre si. Acho que são estudos muito pertinentes, mas que se aplicam a universos restritos, como por exemplo, comunidades que compartilham vocabulários mais ou menos comuns, estruturas mais rígidas e hierárquicas de informação, etc.

Particularmente, tenho mais interesse em estudar estruturas e fenômenos bottom-up de navegação e organização da informação. Acho que modelos como a folksonomia refletem algo de muito valor, que é a “rede viva”, orgânica, fluida, construída e mantida pelos seus próprios usuários e entusiastas. Algo parecido com o movimento do software livre e o creative commons, no sentido de dar poder à própria comunidade de definir seus valores e rumos.

Sobre estruturas não hierárquicas e fluidas de navegação em conteúdo hipermídia, destaco mais um trecho das minhas recentes leituras:

As estruturas textuais modulares e as multitemáticas que usam uma variedade de modos de organização e cruzamentos de informações verbais e visuais, pensadas em estruturas multidimensionais, por seu lado, são mais representativas do hipertexto, em comparação a estruturas hierárquicas e lineares e alta coesão.

“Embora nada impeça que um hipertexto se estruture hierarquicamente, as estruturas modulares e multitemáticas é que são capazes de fazer jus ao seu potencial multidimensional. É esse potencial que tem levado muitos estudiosos a comparar o funcionamento por meio de conexões associativas do hipertexto com o modo como o cérebro trabalha, isto é, um tipo de organização que mimetiza a estrutura da memória. Evidentemente, esse funcionamento só se perfaz porque o design lógico de um hipertexto deve prever a margem de liberdade interativa do usuário. O que deve haver, portanto, é um equilíbrio entre os dispositivos de orientação para a leitura e o potencial para as escolhas poliseqüenciais do leitor. É em virtude disso que o labirinto tem sido a mais hábil entre todas as metáforas para descrever o hipertexto, pois no labirinto, o prazer de se perder só pode ser intensificado quando apoiado na expectativa persistente de que a promessa de um alvo a ser atingido será eventualmente cumprida.”

SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007. P. 314.

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