
Fernando Pessoa
O espectro de Ulisses é próprio ao amanhecer do referente. O herói literário precede o navegador nas regiões mais remotas do mundo, enquanto o imaginário estiver adiantado sobre a realidade. E o referente se projeta e se desenha em função do discurso. O mundo era ainda relativamente vazio (…) Hoje, é o escritor que chega na segunda posição: ele é sempre precedido por aqueles que fixaram o referente, que são, ocasionalmente, os próprios escritores. Como escrever uma linha sobre Lisboa sem os óculos de Pessoa?
WESTPHAL, Bertrand. La Géocritique: réel, fiction, espace. Paris: Les Éditions de Minuit, 2007. P. 138-139